Outros encontros...

Ela entrou na loja. Ele estava pagando. Se viram. Um frio percorreu a espinha de cada um deles. Há dez anos que eles não se viam. Ambos imediatamente se lembraram das condições de seu término. Ela chorando, querendo continuar. Ele querendo curtir a juventude, uma crise de meia idade precoce. O término tinha sido abrupto e doloroso, para ela. Para ele, o término só ocorreu dois anos depois e um relacionamento mais tarde.

Era uma tarde de domingo, que ele estava sozinho na casa dele. Não tinha nada na TV e, num destes acasos do passado, ele teve um déjà vu, imaginou que era sai que saia da cozinha com um suco para ele na sala, e foi quando ele se deu conta que a tinha perdido. Os homens sempre são mais devagar para se dar conta do que acontece ao seu redor. 

Ela sorriu amarelo, "tudo bem com você?", "tudo, tudo. - e completou depois, como se lembrando, e com você?". "tudo...". "Eu casei", ela disse. Ele sabia. Sabia o nome dele, sabia onde tinha sido a lua de mel e sabia que ela estava grávida, mas tudo que ele disse foi "tô sabendo". Ele morava de aluguel e estava solteiro. Tinha se casado com o trabalho, logo ele, viciado em video-game e sempre reclamando do trabalho. Agora trabalha até tarde todos os dias. Mas ele não precisou dizer isso, ela sabia. 

Nenhum deles tinham tirado, um ao outro, de suas redes sociais, e ficam ali, se esbarrando nas tardes de finais de semana, e naqueles minutos livres dos dias de semanas. Um sabia tudo que havia para saber do outro, e ainda assim, ou talvez por causa disso, não tinham absolutamente nada para dizerem. Ele terminou e pagar, e saiu da loja. Ela desistiu da compra. Compraria outra coisa mais tarde. 

No final daquela tarde, eles escreveriam ao mesmo tempo, na mesma rede social: "hoje nos esbarramos na rua, LOL, #mundopequeno"... e a vida continuaria, buscando um sentido...

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