Livros Digitais...

Em 2001 eu ganhei um Palm, um M125. Neste mesmo ano, enquanto eu desbravava as funções do aparelho, o Sr. Paulo Coelho decidiu abrir suas obras para download grátis em seu site. Todas em PDF, e eu, que gosto de ler, decidi experimentar a leitura em um meio digital. Irônico pensar que a Palm M125 tinha o apelido, pela forma de suas bordas e sua tampa plástica com um visor centra transparente, de "Tampa de Privada", pois era justamente onde o máximo da minha leitura ocorria.

Eu trabalhava na região da Av. Paulista, estudava na FATEC, namorava, tinha um bilhão de compromissos sociais que os jovens normais geralmente têm, e eu me sentia o máximo, um pioneiro em minhas próprias terras e no mundo, usando o Palm para leitura. Eu mal sabia que neste mesmo momento, a Palm transformava seu software PalmReader em eReader, e emancipava o filhote como uma das primeiras lojas de livros digitais do mundo. Um negocinho que seria vendido por 15 milhões de dólares mais tarde. Mas eu não sabia, e a ignorância é uma benção. E eu li quatro livros do Paulo Coelho. Ouso dizer que gostei do autor, por quem nutro uma simpatia ainda maior quando soube que ele havia "apadrinhado" o Jovem Nerd.

Eu havia mergulhado no ramo da leitura, conheci e explorei diversos livros e escritores de uma nova sofra chamada Geração 90, manuscritos de computador. Marcelino Freire, Ivana Arruda, Ricardo Miyake, Nelson Mota, entre tantos outros... Mas eu mergulhei e voltei à superfície. As contas aumentavam conforme envelhecia e pagar as contas significava parar de sonhar acordado. Mudei de emprego, de faculdade e de Hobbies. E o tempo passa...

Em 2008, meu Palm TX trazia um aplicativo eReader com um livro de cortesia. Em inglês, chamado Have Tech, Will Travel. Eu não tinha ideia do que era e não me encorajei a lê-lo. Somente quando me vi acuado, no assento de um avião ao lado de um baita mala de um escritório que trabalhei, que eu achei melhor "fingir" que estava lendo a ficar de lenga lenga. E redescobri os livros digitais. E redescobri que gostava de literatura. Foi um mergulho profundo, comprei 4 tomos que eram já compilações de livros avulsos. Toda uma série de ficção científica que acho que até hoje ninguém considerou muito seriamente traduzir para o português, e eu teria perdido de conhecer, se não fosse a eReader. A eReader ainda me traria outros escritores que eu jamais encontraria no cotidiano, Lauri Notaro, Jocelynn Drake, gêneros e formas que o Brasil não oferecia e eu nadava de braçadas... E o tempo passa...

Este ano, eu triste, limpando catarro nos pelos do braço e deixando-os duros feito gel, que eu não teria um Kobo ou Kindle, meu sonho atual, eu vagava, sem rumo e sem o portal eReader.com, comprado pela Barnes & Noble, quando achei um site com mais de 1000 livros para Palm (e qualquer outra coisa que rode o aplicativo da eReader). 1000 LIVROS! Cara, eu não conhecia nenhum, mas entusiasmado pela lembrança dos autores e livros que conheci no passado, eu não tive dúvida, girei a scroll do mouse, como quem gira a roda do fortuna, deixando a página descer à revelia e, antes que ela parece, cliquei em um título aleatório. E depois outro. E enviei para mim mesmo o site, para o futuro.

Game, Set and Mach, de Ali Vali. Descobri um livro romance lésbico. E, ciente do duplo sentido da minha afirmativa, que delícia de livro. Muito bem escrito, com personagens muito convincentes, e um romance ingênuo e sincero que vi materializado diante dos meu olhos e de suas 783 micro-páginas. Foi um tesouro e meu primeiro contato com um gênero de literatura que eu não conhecia. O segundo livro, Loving Her... Again, de Scribing Bard 52, evidentemente um pseudônimo, abordava... Um romance lésbico! Um pouco mais intenso, um pouco mais apressado, concluído em meras 41 micro-páginas, mas igualmente bem escrito. E eu me dei conta, o site era só sobre isso... E é muito bom!

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